Seguro e eficaz, o método é muito utilizado por profissionais de várias especialidades médicas. Saiba mais sobre indicações, cuidados e efeitos colaterais
Antes de tudo, é importante entender o que é o nervo supraescapular e como ele faz parte do plexo braquial. Primeiramente, o plexo braquial é considerado a estrutura responsável por fornecer o suprimento nervoso (comandos motores e sensitivos) para a cintura escapular, membros superiores e músculos das regiões cervical, torácica e dorsal.
O nervo supraescapular é um nervo misto que se origina a partir do tronco superior do plexo braquial, seguindo pela estrutura do ombro até ramificar-se nos músculos supraespinhal e infraespinhal, responsáveis por grande parte do movimento do ombro, por exemplo:
- O supraespinhal permite que uma pessoa bata palmas acima da cabeça;
- O infraespinhal permite o giro do ombro, como no ato de colocar o cinto de segurança.
Se esse nervo foi comprimido ou aprisionado por lesão no ombro e/ou por uso excessivo, pode resultar em perda dos movimentos gerados por esses músculos.
Indicações para o bloqueio do nervo supraescapular
A lesão do nervo supraescapular torna-se evidente em casos de bursite no ombro e tendinite, geralmente quando uma pessoa tenta levantar os braços acima da cabeça ou quando a pessoa gira a articulação do ombro, e têm como causas comuns:
- Golpe direto na base do pescoço ou na parte de trás do ombro;
- Lesões por esforço repetitivo em atividades esportivas como tênis e vôlei;
- Levantamento de peso exigido pelo trabalho.
A depender da gravidade da lesão, a opção pelo bloqueio do nervo supraescapular (BNSE) é um método eficaz em enfermidades crônicas que acometem o ombro, como:
- Lesão irreparável do manguito rotador;
- Artrite reumatoide;
- Tendinite calcária;
- Câncer;
- Sequelas de AVC;
- Capsulite adesiva.
Bloqueio do nervo supraescapular para tratar a capsulite adesiva
Uma das mais frequentes patologias de ombro com indicação para o bloqueio do nervo supraescapular é a capsulite adesiva, uma síndrome dolorosa caracterizada por limitação dos movimentos ativos e passivos das articulações em todas as direções.
O método é bastante eficaz para o tratamento dessa condição, pois é capaz de diminuir a dor rapidamente, trazendo alívio aos pacientes.
Técnica do bloqueio do nervo supraescapular
A descompressão do nervo supraescapular pode ser realizada por meio endoscópio, com pequenas incisões. É usada normalmente para aliviar a pressão sobre o nervo, se ele tiver sido comprimido devido a uma lesão, ou na presença de um cisto.
A técnica do bloqueio do nervo supraescapular consiste na injeção de anestésico na fossa supraespinhal do ombro acometido, com o paciente em posição sentada e com os membros superiores pendentes ao lado do corpo.
- A agulha é avançada na direção craniocaudal, perpendicular à pele;
- Em seguida, ela atravessará os músculos trapézio e supraespinhal;
- O objetivo é atingir a fossa supraespinhal, junto à base do processo coracoide, onde o nervo se situa.
Pode-se realizar o bloqueio do nervo supraescapular para anestesia regional em cirurgias abertas ou artroscópicas do ombro, como também para analgesia pós-operatória ao nível ambulatorial.
Cuidados pré e pós-bloqueio
Segundo a Sociedade Brasileira de Anestesiologia, o bloqueio do nervo supraescapular pode ser feito em uma única aplicação, com retornos periódicos semanais ou quinzenais ao consultório.
Geralmente, o tratamento não cirúrgico é indicado inicialmente por 6 a 9 meses, com a consulta e o acompanhamento de um especialista em ombro sendo indispensáveis.
Na fase inicial da doença (inflamatória), analgésicos, anti-inflamatórios e compressas de gelo são a base do tratamento. Alongamentos excessivos exigem cuidado, pois podem agravar os sintomas, aumentar o processo inflamatório e a duração da doença.
Efeitos colaterais e possíveis complicações do bloqueio do nervo supraescapular
As possíveis complicações são as mesmas de qualquer bloqueio de nervos periféricos, como a intoxicação ao anestésico local e lesão nervosa.
Contudo, o bloqueio do nervo supraescapular têm se mostrado um procedimento seguro, sem complicações e largamente utilizado entre os profissionais de anestesiologia por se mostrar eficiente no tratamento da dor em enfermidades crônicas que acometem o ombro.
Fontes: